Permacultura é alternativa para comunidade do Alto Tietê

 

 

    Patricia Toni
 

    Na beira da rodovia Mogi-Bertioga, uma pequena placa indica o destino: O sítio Olho D’água. Mais 15 minutos trilha adentro e pode-se encontrar a sede do grupo Solares, reunião de pessoas que aplicam o máximo que podem a permacultura em suas vidas. A propriedade de exuberante floresta nativa comporta estruturas para o cultivo de vegetais, compostagem e sistemas de reaproveitamento da água da chuva, além de reuniões e palestras que visam à disseminação da cultura sustentável.
    O engenheiro ambiental, Rafael Bueno, é um dos fundadores do grupo que existe há 3 anos e explica qual é a missão do Solares: “Somos orientados pelo propósito de cultivar a reintegração do ser humano com a natureza. Os estudos e atividades desenvolvidos aqui buscam permitir a harmonia entre as necessidades das pessoas e o ambiente natural”. O grupo promove mensalmente atividades para informar e sensibilizar interessados e já recebeu a presença de Peter Webb, ambientalista que trouxe a permacultura para o Brasil.
    Os encontros e estadias no sítio acontecem desde a formação do grupo, mas somente em agosto de 2010 existem efetivos moradores no espaço. Hoje, há 4 casas onde as famílias dos integrantes da união moram. A rotina dos moradores, que começa às 6 da manhã, foi montada para que as tarefas fossem divididas igualmente. “Nós partilhamos os ensinamentos de conviver em comunidade e trabalhar em equipe. Todos têm suas funções e podem auxiliar em todas as tarefas do sítio”, explica Rafael.
As hortas, plantios que mais exigem trabalho dos colaboradores, oferecem quase todos os tipos de vegetais. De alho poró a abóboras, todos são cultivados praticamente no mesmo espaço e alimentam todas as famílias com fartura. “Somos ovolactovegetarianos. Não comemos nada que venha do esforço animal, porém, nossa alimentação é riquíssima e muito balanceada. As únicas coisas que precisamos buscar fora são alimentos formados por grãos. Temos um verdadeiro banquete em casa”, comenta.
    O permacultor e engenheiro civil, Felipe Pinheiro, fez parte da Estação de Permacultura Voluntária Sítio São Francisco, em Taiaçupeba, Mogi das Cruzes, que já recebeu visitantes e praticantes da ciência. No entanto, hoje, a estação abriga apenas criadouros de animais. O ambientalista critica o posicionamento humano perante as questões de degradação do planeta. “O ser humano tem a visão de que é o centro do universo e isso nos afasta completamente da natureza. Os ensinamentos dela estão à nossa disposição e a única coisa que fazemos é destruí-los por motivos que nem sabemos mais quais são”, completa. Felipe participa das reuniões do Solares e ajuda a divulgar o trabalho do grupo pelo país.
    Adequar-se a uma vida completamente sustentável não é tarefa das mais fáceis. Rafael Bueno ressalta que para entrar neste “novo mundo” precisou de tempo. “Quando mais jovem, eu era adepto ao fast-food e ao consumismo desenfreado. De repente, esta vida me cansou e comecei a questionar as consequências de tudo que fazia". O permacultor ainda dá a dica para quem gostaria de ingressar na vida sustentável. “A chave é questionar nossas ações. O que eu causo no meio ambiente para comer um bife de boi ou o quanto sofrem crianças escravas para que eu tenha o meu tênis novo? Quando você começa a se perguntar, automaticamente, começa a mudar de atitude”, finaliza.